terça-feira, 21 de junho de 2016

O DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA SOCIOINTERACIONISTA: PIAGET,VYGOTSKY,WALLON

O DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA PERSPECTIVA SOCIOINTERACIONISTA:
PIAGET,VYGOTSKY,WALLON




Piaget,Vygotsky e Waloon,tentaram mostrar que a capacidade de conhecer e aprender se constrói a partir da trocas estabelecidas pelo sujeito e o meio.
As teoria sociointeracionistas concebem,portanto o desenvolvimento infantil como um processo dinâmico,pois as crianças não são passivas,meras receptoras das informações que estão em sua volta. Através do contato com o seu próprio corpo,com as coisas do seu ambiente,bem como através da interação como outras crianças e adultos,as crianças vão desenvolvendo uma capacidade afetiva,a sensibilidade e a auto-estima,o raciocínio,o pensamento e a linguagem.
A articulação entre os diferentes níveis de desenvolvimento (motor,afetivo e cognitivo) não se da de forma isolada, mas sim da forma simultânea integrada.






ALGUNS PRINCIPAIS PONTOS DE PENSAMENTOS DE:
PIAGET,VYGOTSKY E WALLON

HENRI WALLON-(1879-1962) médico francês,desenvolveu vários estudos na área de neurologia enfatizando a plasticidade do cérebro,Wallon propôs o estudos integrado do desenvolvimento infantil, contemplando os aspectos da afetividade,da motricidade e da inteligência. Para ele, o desenvolvimento da inteligência depende das experiências oferecidas pelo meio e do grau da apropriação que o sujeito faz delas.
Wallon assinala que o desenvolvimento se da de forma descontínua,sendo marcadas pela rupturas e retrocessos a cada estágios do desenvolvimento infantil há uma reformulação e não simplesmente uma adição ou reorganização dos estágios anteriores ,ocorrendo também um tipo particular de interação entre o sujeito e o ambiente.

HENRI WALLON


Estágio impulsivo-emocional ( 1 ano de vida):essa fase predominam nas crianças as relações emocionais como ambiente,começa a construção do sujeito,em que a atividade cognitiva se acha indiferenciada das atividades afetivas,nessa fase vão se desenvolvendo as condições sensor-motoras (olhar,pegar e andar)



Estágio sensório-motor ( 1 á 3 anos de vida aproximadamente):ocorre nesse período um intensa exploração do mundo físico ,em que predominam as relações cognitivas com o meio. A criança desenvolve a inteligência pratica e a capacidade de simbolizar. No final do segundo ano, a fala e a conduta representativa (função simbólica) confirmam uma nova relação com o real ,que emancipará a inteligência do quadro perceptivo mais imediato . Ou seja ao falarmos a palavra "bola" a criança imediatamente reconhecerá do que se trata, sem que precisemos mostrar para ela o objeto. Dizemos então que ela já adquiriu a capacidade de simbolizar sem a necessidade de visualizar o objeto ou a situação a qual estamos nos referindo.








Personalismo ( 3 á 6 anos aproximadamente) Nesta fase ocorre a construção da consciência de si,através das interações sociais,dirigindo o interesse da criança para as pessoas predominando assim as relações afetivas.
 Há uma mistura afetiva e pessoal,que refaz no pensamento,a indiferenciação inicial entre inteligência e afetividade.




Estágio categorial  ( 6 anos) : A criança dirige seu interesse para o conhecimento e a conquista do mundo exterior ,em função do processo intelectual que conseguiu conquistar até então.Desta forma, ela imprime as suas relações com o meio uma maior visibilidade do aspecto cognitivo.




LEV SEMENOVICH VYGOTSKY (1896-1934), estudioso russo na área de história,literatura,filosofia e psicologia,teve uma imensa produção teórica ,apesar de ter morrido ainda muito jovem.
Para o autor o funcionamento psicológico estrutura-se a partir das relações sociais estabelecidas pelo individuo e o mundo exterior. Tais relações ocorrem dentro de um contexto histórico e social, no qual a cultura desempenha um papel  fundamental,fornecendo ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade.Isto permite a construção de uma certa ordem de uma interpretação do mundo real. Desta forma o desenvolvimento psicológico não pode sem visto como uma procedimento abstrato,descontextualizado ou universal.
Vygotsky afirma que a relação com o indivíduo com o mundo não é direta mas mediada por sistemas simbólicos ,em que a linguagem ocupa uma papel central,pois além de possibilitar o intercâmbio entre os indivíduos,é através dela que o sujeito consegue abstrair e generalizar o pensamento. Ou seja a linguagem simplifica e generaliza as instâncias do mundo real,agrupando todas as ocorrências de uma mesma classe de objetos,eventos,situações ,sob uma mesma categoria conceitual cujo o significado é compartilhado pelos usuários dessa imagem (Oliveira,1993,p27)
Vygotsky observa que a criança apresenta em seu processo de desenvolvimento um nível que ele chamou de real e outro potencial. O nível de desenvolvimento real refere-se a etapas já alcançadas pela criança , isto á as coisas que ele já consegue fazer sozinha, sem a ajuda de outras pessoas. Já o nível de desenvolvimento potencial diz respeito á capacidade de desempenhar tarefas com a ajuda dos outros. Tem atividades que as crianças não é capaz de exercer sozinha, mais poderá conseguir caso alguém lhe dê explicações,demonstrando como faz . Essa possibilidade de alteração no desempenho de uma pessoa pela interferência da outra é fundamental em Vygotsky.
Para Vygotsky a zona de desenvolvimento proximal ou potencial consiste na distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial. Cabe a escola fazer a criança avançar na sua compreensão do mundo a partir do desenvolvimento já consolidado,tendo como metas etapas posteriores ainda não avançadas.
O papel do professor consiste em intervir na zona de desenvolvimento proximal ou potencial dos alunos provocando avanços que não ocorriam espontaneamente.
Vygotsky enfatiza a importância do brinquedo,da brincadeira do faz de conta para o desenvolvimento infantil.


LEV SEMENOVICH VYGOTSKY

JEAN PIAGET (1896-1980) biólogo e espistemólogo suíço ,contruiu sua teoria ao longo de mais de 50 anos de pesquisa. a preocupação central de Piaget era descobrir como estruturava o conhecimento. a teoria piagetiana afirma que conhecer significa inserir o objeto do conhecimento em um determinado sistema de relações,partindo de uma ação executada sobre o referido objeto. Tal processo envolve ,portanto a capacidade de organizar,estruturar,entender e posteriormente ,com aquisição da fala ,explicar pensamentos e ações.


JEAN PIAGET

ESTÁGIO SENSÓRIO-MOTOR (0 á 2 anos aproximadamente)Ocorre do nascimento do indivíduo aos 2 anos de idade. Nessa etapa do desenvolvimento, o bebê gradualmente se torna capaz de organizar atividades em relação ao ambiente por meio de atividades sensório motoras.
A criança passa do nível neonatal, marcado pelo funcionamento dos reflexos inatos, para outro em que ela já é capaz de uma organização perceptiva e motora dos fenômenos do meio. A consciência da criança sobre o meio externo se expande lentamente, conforme suas ações se deslocam de seu próprio corpo para objetos.

ESTÁGIO PRÉ-OPERACIONAL ( por volta dos 2 anos aos 6-7 anos)Vai aproximadamente dos 2 aos 6 anos de idade. A criança interioriza o meio, sendo capaz agora de representá-lo mentalmente. O desenvolvimento da representação cria as condições para a aquisição da linguagem, pois a capacidade de construir símbolos possibilita a aquisição dos significados sociais existentes no contexto em que a criança vive.
Nesse estágio, há um desenvolvimento marcante da linguagem, há o desenvolvimento da função semiótica, onde as crianças utilizam símbolos para representar a realidade. O egocentrismo está bastante presente nas crianças, elas possuem uma incapacidade de pensar através das conseqüências de uma ação e de entender noções de lógica; desenvolvem o conceito de conservação, e ainda não desenvolveram a capacidade de manipular informações mentalmente.




Qual o papel do/a profissional da Escola Infantil?


   A perspectiva teórica do sociointeracionismo destaca o papel do adulto frente ao desenvolvimento infantil, cabendo-lhe proporcionar experiências diversificadas e enriquecedoras, a fim de que as crianças possam fortalecer sua auto-estima e desenvolver suas capacidades. 
   A auto-estima (capacidade que o individuo tem de gostar de si mesmo), é uma condição básica para se sentir confiante, amado e respeitado, esta capacidade faz parte de um longo processo , que tem origem ainda na infância. Cabe ao adulto ajudar na construção da auto-estima infantil, fornecendo á criança uma imagem positiva de si mesma. Algumas práticas podem ser prejudiciais ao bom andamento desse processo, como por exemplo , a colocação de apelidos pejorativos a criança . 
   Os/as profissionais das escolas infantis precisam manter um comportamento ético para com as crianças, não permitindo que elas sejam expostas ao ridículo ou por situações constrangedoras. O/a profissional deve tratar todas as crianças com igualdade, as atenções e os elogios devem ser dados a todas, não importando cor da pele, condição social, se são meninas ou meninos ... Também se deve evitar qualquer fala ou ação que possa dar margem a atitudes preconceituosas ou discriminatórias em relação a pessoas ou grupos. 





Algumas práticas no cotidiano da Escola Infantil


  Determinados aspectos que fazem parte do cotidiano da escola infantil podem influenciar de maneira importante o desenvolvimento das crianças.
  • Adaptação: Ao entrar na creche ou pré-escola a criança se depara com um novo ambiente, composto por adultos e crianças com os quais ele nunca interagiu. O distanciamento da família por longas horas do dia e a inserção em um novo ambiente, com rotinas específicas, exigirão da criança uma grande capacidade de adaptação. É preciso respeitar o ritmo de cada criança, bem como suas manifestações de medo e ansiedade. 
       Cabe à creche ou pré-escola estabelecer, um sistema gradativo de adaptação para cada criança, em que nos primeiros dias ela possa ficar apenas algumas horas e aos poucos vá se acostumando àquele novo ambiente, até que permaneça em tempo integral. O período de adaptação dura aproximadamente uma semana, podendo se estender em alguns casos. Neste período os pais podem permanecer alguns momentos na sala, até a criança adquirir um pouco de confiança no ambiente e nas pessoas que ali estão. aos poucos não sera mais necessário a presença dos pais. A tranquilidade e a segurança dos pais favorecem a separação e torna mais fácil a adaptação.
   É importante lembrar que as dificuldades de adaptação não se manifestam apenas através de choro, mas podem aparecer em forma de apatia, falta de apetite. O ambiente da creche ou da pré-escola deve ser prazeroso e agradável, despertando a confiança da criança neste tipo de instituição. 
  • Relacionamento entre escola e família: Os responsáveis pela criança devem ser sempre informados sobre tudo o que ocorre com ela durante o período em que estiver na instituição, bem como a forma trabalhada e a proposta pedagógica que ali é desenvolvida. Algumas instituições mantém esse diálogo através de agendas ou cadernetas, aonde são anotadas as informações referente àquele dia na instituição.
  • Sono: Cada criança possui um ritmo próprio em relação às horas de sono de que necessita para o seu descanso. Quando a criança é menor, mais tempo ela dormirá, à medida em que vai crescendo, a criança não necessitara mais de tantas horas de sono à tarde. 
       É preciso proporcionar atividades alternativas para aquelas crianças que não quiserem ou não conseguiram dormir. 



  • Alimentação: Os momentos de alimentação são, para muitas crianças e professoras, momentos de stress e tortura. Na tentativa de proporcionar à criança uma alimentação variada e saudável, muitas professoras acabam obrigando a criança a comer, mesmo ela não querendo ou não gostando. Outra questão é a introdução do copo ou caneca em substituição à mamadeira. Sua retirada depende de longas negociações com a criança. Por volta dos dois anos já é possível introduzir a caneca ou copo na hora das refeições, se a criança se recusar não se deve obriga- lá. A introdução do copo nas refeições deve ser feita gradativamente, sem exigir da criança sua adesão imediata a nova forma de se alimentar.


  • Chupeta:  Na cultura brasileira o uso da chupeta tem sido um importante aliado, na opinião de muitas mães e professoras, no sentido de acalmar as crianças, ou ainda de substituto do seio materno. Apesar do conforto que a chupeta da aos adultos, que se vêem livres de choros, este objeto representa um foco importante de transmissão de doenças, é comum cenas em que a criança sai engatinhando pelo chão arrastando a chupeta.
            Os dentistas alertam para os prejuízos que a chupeta pode causar para a dentição. O uso da chupeta também trás prejuízo para criança a hora de articular corretamente as palavras, pois ela terá mais dificuldade com a chupeta na boca. Além disso, certamente apresentara um comportamento mais agressivo, que impedirá de vivenciar novas conquistas, principalmente no campo da linguagem.
           Crianças entre dois e três anos já conseguem entender algumas regras introduzidas no grupo, pode combinar-se com as crianças para que ao chegar na escola, elas guardem a chupeta na mochila, ou que a mesma só será devolvida na hora do descanso.


  • Choro:   Há uma ansiedade muito grande dos adultos em torno das manifestações de choro da criança. É preciso ter em mente que o objetivo no caso dos bebês é de comunicar que algo vai mal, eles relacionam o choro a uma reação boa, afinal alguém vai atendê-los. Tentar perceber o motivo do choro é fundamental para uma interversão adequada, sanando assim a necessidade daquela criança; crianças  já maiores que já saibam falar, pedir a elas que digam o motivo do choro, pois é importante fazer com que percebam a importância e eficácia de expressar suas necessidades.  


  • Tirando as fraldas, controlando os esfíncteres: O controle das fezes e da urina talvez seja uma das primeiras cobranças externas de socialização, momento de muita ansiedade para os adultos. É preciso lembrar mais uma vez que não devemos estabelecer uma idade rígida para que isto se dê. Geralmente a capacidade de controlar o cocô e o xixi começa a partir dos dois anos, ou antes para algumas crianças. O controle dos esfíncteres têm relação com o domínio dom próprio corpo e com o controle das emoções, por isso é tao importante. 
            A criança sinaliza quando começa a se sentir incomodada poe estar molhada ou com fezes, ou seja, ela esta pronta para iniciar o desfralde e ir treinando no peniquinho ou até mesmo no vaso aonde ela se sentir mais a vontade. O controle das fezes e bem mais sucedido e mais fácil que o da urina, pelo fato de fazer menos vezes ou apenas uma vez ao dia, e por acontecer quase sempre no mesmo horário.  À escola deve estabelecer alguns combinados com a família para o desfralde, pois o ideal é que isto se dê de forma conjugada.

       Um problema é a prática de colocarem todas as crianças ao mesmo tempo para fazer xixi e cocô, como se todas fizessem suas necessidades sempre no mesmo horário. Esta questão do que é coletivo e do que deve ou pode ser individual precisa ser melhor discutido no contexto escolar.




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